Aflições Gerais e Irrestritas

novembro 28, 2005

O pingo pinga na pinga que pinga da pia
O pássaro pia o piado espia quem na pia está
A chuva chove já no fim do dia traz a noite adentro
De dentro da sala sobe a luz da lua que já reluzia

Reluz na parede o espelho plano, plana melodia
Do pinto que pia pingado do pingo que da pia pinga
Molhado da chuva que lá fora cai
Já na luz do dia
Já passou o tempo, uma noite é pouco
Para quem espia...

Da lembrança vem a esperança de voltar a ser criança
Esquecer que um dia teria que crescer
Da insegurança bate aquele medo de quebrar o brinquedo
Saudade da velha cidade que vivia na mocidade

O tempo não espera, passa sem temer
A vida, carruagem dura, segue seu rumo a correr
Lembranças, muitas vezes esquecidas, voltam a nascer
Num perfume, toque, som ou ventania
Que aparecer

A criança hoje tornada homem, não pode sofrer
Pensamentos infantis não servem, tem que empreender
Belos tempos, de roubar amoras
No campo a correr
Amarguras não existiam nada
Só o alvorecer.

Sentimento

Sentimento se sente no momento
Dura o tempo de um sentido
Fica gravado na memória
Pra gerar a experiência no futuro

Se é bom, acaba sem demora
A saudade já fica num piscar
Se ruim, já tarda em ir embora
Amarga a boca, turva o olhar

Sentimento é coisa só de um
Não tem como compartilhar
Ninguém vive a vez do outro no sentido
Nem sente sem dar conta de aturar

Sentimento é rico pra quem sente
Bobagem pra quem fica só a olhar
Sentir torna o homem diferente
Bicho difícil de domar
Sentir torna a vida saborosa
Um passeio pra se deleitar.